Confira uma entrevista exclusiva com a escritora Léia Cassol, nascida no Paraná em 1974, mas mora em Porto Alegre há 20 anos. Entrou no universo da literatura pelas histórias que o pai lhe contava, quando era bem pequena. Depois, quando foi para a escola, encontrou uma professora que a encantou com as histórias que estavam nos livros. Daí cresceu, veio morar em Porto Alegre e começou a trabalhar em editoras. Lia muito, fazia feira em escolas e contava às histórias que lia. Com o tempo e estudo foi além… Passou a escrever. É contadora de histórias e escritora de Literatura Infantil e Infanto-Juvenil. Fez um curso técnico em Guia de Turismo Regional para ter um olhar mais criterioso sobre os lugares e a cultura do Rio Grande do Sul. Atualmente, está desenvolvendo uma pesquisa sobre o Folclore e a Cultura Popular presentes no Estado. Léia Cassol viaja por todos os cantos do Estado, o que enriquece seu conhecimento cultural, e, nas atividades que realiza nas escolas e em Feiras de livro, busca repassar seu conhecimento e sua paixão pelo estado aos alunos, professores e comunidade. Suas atividades de contação de história são lúdico-pedagógicas, dinâmicas e interativas, utilizando música, teatro, dança.
Livraria Espaço Cultural: Como despertou em você a vontade de se tornar escritora?
Léia Cassol: Quando pequena meu pai me contava muitas histórias da tradição oral. Na escola descobri os livros e passei a ler muito. Quando cresci fui trabalhar em editora de livros e depois fazer feira de livros em escolas de POA. Para vender eu lia tudo o que tinha na minha banca. Gostava de instigar as crianças contando trechos dos livros. Então passei a contar histórias e desenvolver essa atividade nas feiras. De tanto contar histórias dos outros, comecei a escrever, motivada por uma professora que não conseguia material literário sobre o Rio Grande do sul. Com muita pesquisa, acabei desenvolvendo a coleção Beto e Fê, que hoje tem 6 livros, todos ambientados no RS
Livraria Espaço Cultural: De onde você tira inspiração para escrever seus livros?
Léia Cassol: Viagens e bate-papos são a minha rotina diária, que acabam alimentando minha imaginação e possibilitam que eu crie e recrie personagens e cenários. Pesquiso muito e leio tudo o que encontro que traz curiosidades sobre a história do mundo.
Livraria Espaço Cultural: Você já publicou vários livros. Qual é o seu favorito e por quê?
Léia Cassol: Gosto do ULTIMO GUARIDIÃO, que faz parte da Col. Beto e Fê. Acho que porque sou apaixonada pela região missioneira e porque, na adolescência, convivi com índios guaranis, quando morei no Paraguai.
Livraria Espaço Cultural: Quais escritores você admira e qual obra está lendo atualmente?
Léia Cassol: Sou admiradora de Edgar Allan Poe e Gui de Manpanssant. No Brasil, um amor incondicional por Pedro Bandeira. Atualmente estou entretida em literatura sobre a Serra Gaúcha, especialmente sobre Bento Gonçalves e Caxias do Sul.
Livraria Espaço Cultural: Quais dificuldades você encontrou para ingressar na literatura?
Léia Cassol: Para publicar todo mundo tem dificuldade. Eu já trabalhava em editora e mesmo assim, não consegui publicar por eles. Geralmente publicam autores que são conhecidos, porque são empresas e precisam vender. Então, meu marido investiu nossas economias e sonhos no trabalho que desenvolvo. Enfim… acho que deu certo!
Livraria Espaço Cultural: Qual a sua opinião sobre os e-books? O livro de papel ainda é valorizado?
Léia Cassol: Eu leio e-books, mas apenas textos informativos e geralmente sobre marketing e escrita criativa. Os outros, gosto de pegar na mão. O livro tem o lugar dele de direito, se vai acabar um dia? Acho que vai, pelo menos é o que a história demonstra. O papyrus acabou, não?
Livraria Espaço Cultural: Você está trabalhando em quais projetos literários atualmente?
Léia Cassol: Estou com quatro projetos em andamento: um sobre o município de Bento Gonçalves, outro sobre Caxias do Sul, outro sobre danças e tradições do RS e outro que faz um intertexto com a obra Ou isto, ou aquilo, de Cecília Meirelles.
Livraria Espaço Cultural: Para você, qual o papel das redes sociais para divulgar a literatura?
Léia Cassol: Acho que cumpre a função dentro dos nichos que se formam. Eu trabalho com escolas, alunos, pais e professores e consigo chegar neles através das redes sociais. Mas o que sustenta o trabalho é o boca-a-boca.
Livraria Espaço Cultural: Como incentivar crianças e adolescentes a lerem mais?
Léia Cassol: Oferecendo livros e sendo exemplo. Participar junto em eventos que envolvam o livro e demonstrar respeito pela arte, além de promover, envolve e cria vinculo. Eu gosto de vinculo. Conhecer, saber, abraçar, fazer fotos, conversar… isso é apaixonante e todos ganham.
Livraria Espaço Cultural: Fique a vontade para fazer algum comentário para os nossos leitores.
Léia Cassol: Não se pode amar o desconhecido. A história, literária ou não, é parte do homem, e ano após ano, retrata dúvidas, desejos e atitudes. Leitura, não importa a plataforma, é conhecimento. Faz pensar, relacionar e compreender as relações que se tem no mundo, sejam afetivas, sociais ou econômicas. O livro, para muitos, tem um significado maior do que o papel e as letras impressas. Traz um tempo da infância, da adolescência, da escola, da família, que resgata sonhos esquecidos e desejos adormecidos. Isso acontece com brincadeiras, com músicas, com cheiros de comidas e perfumes. Livro é o conhecimento que passa pelo coração!