O escritor da semana da Livraria Espaço Cultural é o porto-alegrense Caio Riter. Bacharel em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS, e licenciado em Letras – Língua Portuguesa e Literaturas, pela Faculdade Porto-Alegrense de Educação, Ciências e Letras – FAPA/RS; é Mestre e Doutor em Literatura Brasileira, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É professor de Língua Portuguesa e de Redação. Ministra oficinas literárias de narrativa e de Literatura Infantil.
Livraria Espaço Cultural: Como surgiu seu interesse pela literatura?
Caio Riter: Meu interesse pela leitura surgiu desde jovem e acabei me tornado escritor, pois acredito que quem é leitor de necessitar de livros???, acaba se tornando escritor, alguns publicáveis e outros não.
Meu projeto inicial era escrever para adultos. Quando minha esposa ficou grávida da nossa primeira filha, ela dizia que eu levava jeito para escrever para crianças. Então, resolvi dar de presente a ela um livro feito artesanalmente, para crianças, chamado Fruto Verde. Gostei dessa coisa de brincar de fazer livro, mas sempre pensando em fazer livros para as minhas filhas, não para ser escritor.
Por acidente, uma amiga soube que eu tinha esses livros, levou para uma editora que estava recém começando em Porto Alegre e acabei me identificando com esse segmento.
Livraria Espaço Cultural: Como acontecem as visitas nas escolas para contação de histórias?
Caio Riter: Visito muitas escolas, sempre trabalhando com a ideia de bater papo, sempre com minha experiência de leitor e escritor, a partir da leitura de livros meus. Faço contação de histórias para crianças pequenas, que tem a ver com a minha experiência e formação como escritor, muitas vezes uso recursos cênicos, dentro do papo bate papo.
Livraria Espaço Cultural: Como surge a inspiração para você escrever?
Caio Riter: A inspiração vem da vida, das coisas que vão acontecendo na vida, desde conhecer uma pessoa, ver um filme, ler uma notícia no jornal, da infância, da adolescência, das minhas filhas e meus alunos.
Livraria Espaço Cultural: Está envolvido em algum projeto literário atualmente?
Caio Riter: Estou escrevendo um livro juvenil que se chamará Três dias e mais alguns, que conta a história de um menino que acaba agredindo um colega de aula e fica suspenso por três dias, em casa e cuidando dos irmãos. O tema é social, algo que não costumo trabalhar muito, mas dessa vez quis produzir um texto com um personagem mais marginalizado e ai nasceu o Matias. Na Feira do Livro, autografei meu novo livro juvenil chamado Cecília que amava Fernando, que ganhou no ano passado o Prêmio Açorianos de Criação Literária.
Livraria Espaço Cultural: Como incentivar crianças e jovens a lerem mais?
Caio Riter: O ideal seria ter pais mães e professores leitores, que possam falar com paixão sobre os livros que eles leem, a fim de tentar contagiar os outros, porque normalmente tudo que se fala com paixão acaba de certa forma contagiando os outros.
Costumo dizer que tem que ter livros à disposição dos jovens e crianças e um dia elas vão encontrar o que a Marina Colassanti chama de “o grande livro”. Ela diz que a gente se torna leitor quando encontra o grande livro, só que o grande livro não é o mesmo para cada pessoa. É o livro que vai nos tomar e querer repetir, e no momento que a gente quer encontrar outro livro como aquele, é que a gente se torna leitor.
Livraria Espaço Cultural: Quais autores são os seus prediletos?
Caio Riter: Eu leio muita coisa, sou bem eclético, mas tem alguns autores que gosto muito. Na área da literatura infantil, a Lygia Bojunga, autora que procuro acompanhar a obra. Na literatura adulta brasileira, eu acompanho as obras de Milton Hatoum e Ligia Fagundes Telles. Na literatura estrangeira é Paul Auster e o livro que me é fetiche é Alice no País das Maravilhas, que eu coleciono e tenho quase 100 exemplares diferentes um do outro.
Livraria Espaço Cultural: O que você pensa sobre as adaptações de livros para o cinema?
Caio Riter: A adaptação pro cinema é uma arte e a literatura é outra, tem gente que vai pro cinema querendo ver o livro que leu, mas o que está no cinema é o livro que o diretor leu. O que ele observou e achou importante.
Livraria Espaço Cultural: O que pensa da internet como forma de leitura?
Caio Riter: Não leio na internet e acredito que os jovens ainda não leiam
na internet, prefiram o livro em papel. As pessoas que leem na internet, o fazem com textos teóricos e não literários. A relação do leitor literário com o livro é diferente de quem está lendo para estudar e adquirir conhecimento. Quando é esse o objetivo parece que funciona bem a leitura na internet.
Livraria Espaço Cultural: Qual sua opinião sobre a Feira do Livro de Porto Alegre?
Caio Riter: Estou sempre na Feira, desde que comecei a ser escritor. Acho que tem um papel bacana de colocar o livro na praça e ele ser o centro. As atividades são voltadas para o livro, coisas que em outras feiras do livro, não acontecem. O evento maior na feira não é o escritor, é um show de uma banda, as pessoas confundem muito, elas querem trazer as pessoas pra rua, mas na verdade não vão formar leitores. Acho que existem feiras e feiras, tem feira de livro, que de fato é feira de qualidade, que vai se preocupar com livros, formar leitor, e feiras que não.